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Carlinhos Cachoeira e Demóstenes Torres |
O presidente do Conselho de Ética do Senado, Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), afirmou nesta quinta-feira (12) que há na Casa um clima de "total frieza, constrangimento e decepção" em relação a Demóstenes Torres (ex-DEM), acusado de envolvimento com o empresário Carlinhos Cachoeira, preso pela Polícia Federal por suspeita de contravenção.
Valadares lembrou que Demóstenes era uma das "figuras mais proeminentes do Senado Federal". "Um homem acima de qualquer suspeita que, lamentavelmente, está agora no Conselho de Ética para ser julgado", disse.
Depois de expressar sua opinião pessoal sobre o assunto, o presidente do Conselho de Ética ressaltou que o procedimento será conduzido com equilíbrio, e Demóstenes terá todas as chances de se defender, com direito ao contraditório e à ampla defesa.
"Este é um Conselho de Ética, não um tribunal de inquisição. E o presidente e o relator não são carrascos. O colegiado agirá com seriedade, sem perseguição."
O Conselho de Ética do Senado deve se reunir agora na próxima terça-feira (17), quando o relator Humberto Costa (PT-PE) deve apresentar um plano de trabalho.
No âmbito do conselho, a pena máxima que pode ser aplicada a Demóstenes é a perda do mandato pela quebra de decoro parlamentar.
Entenda o caso
Escutas telefônicas da Polícia Federal revelaram que Demóstenes atuava no Congresso em favor de Cachoeira, que está preso sob acusação de exploração de jogos ilegais.
Depois, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski determinou, a pedido da Procuradoria-Geral da República, a quebra de sigilo bancário do senador. Ao pedir a abertura do inquérito, o Ministério Público entendeu que existem indícios de uma ligação criminosa entre o parlamentar e o contraventor.
Politicamente, a situação de Demóstenes se complicou quando o Conselho de Ética do Senado abriu, a pedido do PSOL, um processo por quebra de decoro parlamentar, que pode resultar na cassação do mandato do senador.
Sem apoio do seu partido, o DEM, que ameaçava expulsá-lo, Demóstenes pediu sua desfiliação da sigla.
Reportagem da revista "Época" com gravações da Polícia Federal revelou também que, em abril de 2011, Cachoeira orientou Demóstenes a deixar a oposição, trocando o DEM pelo PMDB. No entanto, a troca de partido, que tinha o apoio do Palácio do Planalto, fracassou devido à possibilidade de cassação do mandato do senador por infidelidade partidária.
Fonte: Agência Senado
Postado por Fábio Trancolin