segunda-feira, 16 de abril de 2012

Veterinária esclarece sobre cuidados com os animais de estimação

Saiba como a saúde do seu animal pode influenciar na sua


O contato com animais de estimação vai além da companhia que proporcionam. O tempo dedicado a eles funciona como uma terapia ao ser humano. Conversar e brincar com animais pode diminuir o estresse e funcionar ainda como forma de lazer.

A veterinária Mariana Paz Rodrigues explica que muitos hospitais e centros de saúde já utilizam animais de estimação como método de tratamento de seus pacientes. Entretanto, para que este convívio seja sempre benéfico é necessário que alguns cuidados de higiene e com a saúde do nosso animal sejam tomados a fim de evitar a transmissão de doenças entre ser humano e animal de estimação, que estão cada vez mais próximos, sendo tratados como verdadeiros membros das famílias.

Por isso, é importante estar atento a aspectos nutricionais, calendário de vacinação e vermifugação, banhos regulares e ao aparecimento de quaisquer alterações no comportamento do seu animal, além de manter uma relação de confiança com um veterinário que possa auxiliá-lo em caso de necessidade a fim de garantir a saúde do seu animalzinho e, desta forma, estar tranquilo para se relacionar com ele.

Seja entre os animais que vivem nas cidades ou nas fazendas, os cuidados devem ser os mesmos. Mas enquanto nas cidades a preocupação maior está quanto ao acesso deles às ruas, nas fazendas os bichinhos estão mais expostos a parasitas e mais sujeitos a adquirir doenças e traumas.

Para esclarecer as dúvidas frequentes e falar sobre os cuidados que cada um deve ter com seus animais de estimação a veterinária Mariana Paz, vai dar dicas sobre a importância de cuidados com higiene, alimentação, consultas periódicas, medicação adequada e da presença frequente do veterinário na vida desse “companheirinho de estimação”.

Fique de olho

Cuidados importantes com seu animal de estimação incluem: vacinas, vermifugações, controle de ectoparasitas, banhos, alimentação adequada e visitas periódicas ao consultório veterinário.

Vacinação

Várias vacinas estão disponíveis no mercado. O esquema de vacinação começa, tanto para cães quanto para gatos, aos 45 dias de idade, em animais saudáveis. A primeira vacina a ser aplicada é a múltipla, que confere imunidade contra as principais viroses de cães e gatos. No caso dos gatos, as vacinas protegem contra calicivirose, rinotraqueíte, panleucopenia (tríplice) e clamidiose (quádrupla). E nos cães, a vacina múltipla protege contra cinomose, adenovírus, parainfluenza, parvovírus, coronavírus, e leptospira. As vacinas múltiplas são feitas em intervalos de 21 dias, em três ou quatro doses, a critério do médico veterinário. Aos quatro meses de idade, cães e gatos devem receber a vacina contra raiva, obrigatória por lei.

As revacinações devem ser anuais. Além destas, ainda estão disponíveis no mercado vacinas contra giardíase canina, tosse dos canis e leishmaniose, que deverão ser instituídas de acordo com a incidência regional destas doenças a critério do médico veterinário. Lembrando que é importante vacinar sempre com um médico veterinário, pois ele é o único profissional habilitado a realizar um exame clínico completo antes da vacinação, a fim de não vacinar animais doentes ou debilitados; utilizar vacinas de boa qualidade e boa procedência, conservadas de modo correto; conhecer as vias corretas de aplicação e; emitir atestados de vacinação com valor legal para viagens ao exterior ou se o cachorro morder pessoas ou outros animais.

Vermifugação e higiene

Anti-helmínticos, vermífugos ou vermicidas são fármacos que agem para erradicar helmintos adultos ou formas de desenvolvimento que invadem órgãos e tecidos em animais e homens e são considerados zoonoses, ou seja, transmissíveis do animal ao homem e daí a importância de um bom controle endoparasitário, desde a época de filhote. A frequência de administração do vermífugo também deve ser estabelecida pelo médico veterinário.

Os donos de cães devem estar cientes de que seus cachorros podem ter parasitas externos, quaisquer que sejam as práticas de higiene que adotem em casa. O médico veterinário é o profissional capacitado a indicar o produto mais adequado e a frequência de aplicação necessária para obter o controle desses parasitas, mas é importante também considerar a infestação ambiental.

O banho é importante para a saúde o animal, portanto o mais indicado é leva-lo ao pet shop ou clínica veterinária. Não é recomendado que os filhotes vão a pet shops para banhos antes do fim das vacinas (3 doses da vacina múltipla), devido à possibilidade de contato com outros animais. A frequência de banhos em cães e gatos varia de animal para animal, de acordo com seus hábitos, tipo de pelagem e possíveis problemas de pele.

Consultas periódicas ao consultório veterinário são importantes para que se realize um exame físico completo para identificar precocemente alguma doença que possa afetar seu animal de estimação. Esse cuidado deve aumentar conforme avança a idade do animal. 

Alimentação

A alimentação oferecida deve ser apropriada ao tamanho, idade e atividade do cachorro. Tanto a ração como a comida caseira são permitidas, sendo o uso da ração a opção ideal, além de mais prática. A comida caseira pode ser mais trabalhosa de preparar que uma ração de excelente qualidade, pois para atender às exigências nutricionais do seu cachorro, é preciso elaborar uma refeição balanceada. Além disso, a comida caseira pode estragar mais facilmente se ficar muito tempo no comedouro exposta ao meio ambiente e, por ser mais "pastosa", predispor ao acúmulo de tártaro nos dentes e fezes mais moles.

Zoonoses

As doenças de animais que são transmissíveis ao homem são chamadas de zoonoses. Os modos de transmissão vão desde o contato direto com o animal como também do contato indireto, através de água ou hortaliças contaminadas com fezes, urina, através de um vetor (geralmente um mosquito, pulga ou carrapato) ou ainda pela ingestão de produtos de origem animal mal processados.

As zoonoses mais comuns transmissíveis por contato direto incluem o vírus da raiva; bactérias como hemobartonelose, leptospirose, salmonelose, tuberculose, brucelose; esporotricose e as dermatofitoses, causadas por fungos; protozoários que levam ao desenvolvimento de toxoplasmose, leishmaniose, doença de chagas e criptosporidiose; helmintoses, incluindo dipilidiase, dirofilariose, hidaditose, toxocaríase e larva migrans cutânea e; os artrópodes – pulgas, carrapatos, sarnas e cheiletilella. Já as transmitidas pelo consumo de alimentos de origem animal mais comumente observadas são as gastroenterites associadas à ingestão de alimentos, as chamadas intoxicações alimentares, como a salmonelose e a campilobacteriose; as doenças bacterianas sistêmicas, como brucelose, tuberculose e listeriose e; as doenças parasitárias sistêmicas, como complexo teníase/cisticercose e toxoplasmose.

Em decorrência da importância das zoonoses, tanto do ponto de vista social quanto do ponto de vista econômico, é necessária a adoção de medidas capazes de minimizar estes transtornos através de aplicação de métodos adequados para a prevenção, controle ou erradicação destas doenças. A prevenção é a melhor forma de luta contra as zoonoses e a higiene tem papel importante nesse aspecto. A partir desse ponto de vista, as medidas de saneamento básico são de suma importância, aliadas à adoção de medidas de higiene básicas, como lavar as mãos antes das refeições, lavar bem frutas e verduras, cozimento adequado dos alimentos e cuidados básicos com seus animais de estimação. A raiva pode ser evitada através da vacinação regular de todos os animais de estimação, inclusive dos animais de rua, mais sujeitos à exposição ao vírus. Dai a importância do desenvolvimento de campanhas de vacinação confiáveis, de adoção de animais errantes e castração para controle populacional.

Os perigos da toxoplasmose

A toxoplasmose é uma doença infecciosa causada por um protozoário chamado Toxoplasma gondii. Este protozoário é facilmente encontrado na natureza e pode causar infecção em grande número de mamíferos e pássaros no mundo todo. A infecção nos humanos não tem sintomas em 80 a 90 % dos casos, e pode passar desapercebida naqueles pacientes cuja imunidade é normal. As defesas imunológicas da pessoa normal podem deixar este parasita “inerte” no corpo (sem causar dano algum) por tempo indeterminado.

A toxoplasmose está presente em todo o mundo. Mais de metade da população, mesmo em países desenvolvidos, tem anticorpos específicos contra o parasita, o que significa que está ou já esteve infectada (o que não significa que tenha tido a sintomatologia da doença, pode ter tido a infecção assintomática). No Brasil, estima-se que mais de 60% da população já tenha sido atingida pelo protozoário.

O gato é o hospedeiro definitivo do protozoário e, desta forma, está relacionado com a produção e eliminação oocistos e perpetuação da doença, uma vez que somente neles ocorre a reprodução sexuada dos parasitos. Gatos de até seis meses de idade ingerem os cistos que estão nos tecidos dos animais, principalmente dos ratos e pássaros. 

Após essa ingestão passam a eliminar nas fezes por um período em média de quinze dias os oocistos não esporulados, sendo que esta será a única vez durante a vida que esse gato irá eliminar os oocistos não esporulados. 

No ambiente, através de condições ideais de temperatura, pressão, oxigenação e umidade os oocistos levam de 1 a 5 dias para se esporular e se tornar infectante. Ou seja, gatos acima de seis meses de idade não liberam mais oocistos e, portanto não representam risco de transmissão da doença. E para que alguém adquira toxoplasmose das fezes do gato, é necessário que ela tenha contato direto com as fezes dos animais que já estejam no ambiente há mais de 24h. Mas não são todos os felinos que tem predisposição para desenvolver a doença, mas somente aqueles que ingerem carne crua ou mal assada ou que são caçadores. Para que ocorra transmissão para o gato, é necessário que ele coma a carne que contenha os cistos do toxoplasma.

Estima-se que apenas 1% da população felina albergue o protozoário. Por isso, a transmissão da toxoplasmose pelo gato é muito difícil e mais relacionada a maus hábitos de higiene do que necessariamente pela eliminação de oocistos. Acariciar um gato e tê-lo como animal de companhia não representa perigo. Mordidas ou arranhões do gato também não transmitem toxoplasmose, cães e outros mamíferos não são transmissores da toxoplasmose a não ser que se coma a carne de animais contaminados.

Caso a pessoa infectada apresente sintomas, os mais comuns são febre, dores musculares e articulares, comprometimento da visão, dor de cabeça e garganta, manchas pequenas e vermelhas pelo corpo e dores musculares que persistem durante dias a semanas. Pacientes imunodeficientes são mais acometidos pela infecção, podendo apresentar cerebrite, corioretinite, pneumonia, envolvimento músculo-esquelético generalizado, miocardite, rash maculopapular e/ou morte. Toxoplasmose cerebral é um componente frequente da AIDS. 

Gestantes e a toxoplasmose

A preocupação em gestantes é maior, pois a infecção durante a gestação é bastante grave, podendo ocorrer aborto ou crianças recém-nascidas com encefalite, icterícia, urticária, hepatomegalia, coriorretinite, hidrocefalia e microcefalia com alta taxa de mortalidade, já que os parasitas podem atravessar a placenta e infectar o feto.

As maneiras de evitar a contaminação devem ser levadas a sério, principalmente por gestantes:

· Não se alimentar de leite não pasteurizado ou não-fervido;

· Não ingerir carne crua ou mal cozida de qualquer animal;

· Cuidados de higiene das mãos e dos utensílios de cozinha quando estiver lidando com alimentos;

· Lavar bem frutas e verduras;

· Consumir água de boa qualidade, no caso de água de abastecimento público, manter as caixas d’água tampadas e higienizadas a cada seis meses;

· Alimentar os gatos com carne cozida ou com ração de boa qualidade;

· Limpar as caixas de areia diariamente. Ter cuidado ao manusear as fezes de gatos e dar a elas o destino adequado (usar luvas, pás e lavar bem as mãos após a manipulação);

· Lavar bem as mãos e unhas: após manusear areia (jardins, hortas e plantações) e das crianças após brincarem em parques e/ou caixas de areia;

· Exame pré-natal e acompanhamento de todas as gestantes com ou sem enfartamento ganglionar ou com história de aborto.

Por Jéssica Souto
Foto: Blog da Maypet

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