Nós vivemos ansiosos por vários motivos do cotidiano. A ansiedade, na medida certa, nos prepara para vida, para lidar com as situações em que precisamos agir, mas em excesso pode nos travar. Em alguns momentos da vida, como o pré-vestibular ou entrevista de emprego, por exemplo sempre dá aquele friozinho na barriga, que é uma reação normal do organismo. Mas quando essa sensação passa a prejudicar o cotidiano, aí sim, é necessária a ajuda de um profissional.
Segundo a psicologia Kátia Beal, a ansiedade é caracterizada por sensação ou sentimento decorrente da excessiva excitação do sistema nervoso central diante de uma situação que o cérebro identifica como perigo. “A ansiedade é um sentimento desagradável e vago de apreensão, que pode vir acompanhado de sensações físicas, preocupações, medo, tensão, incapacidade de relaxar, sudorese (suor excessivo), taquicardia, dor de cabeça”, explica.
Para a psicóloga Kátia, a ansiedade em certo grau é essencial, porque nos protege, nos move para a ação, fazendo com que sejamos motivados a melhorar. “O que torna a ansiedade um problema é o excesso, a preocupação em excesso, o medo em excesso, o controle em excesso. Pesquisas apontam que a ansiedade pode levar à depressão e vice versa. Isso porque tamanha necessidade de controle e preocupação podem fazer com que a pessoa sinta-se impotente diante de algumas situações e fique deprimida”, completa.
Existem hoje seis tipos de transtornos de ansiedade reconhecidos. Conheça cada um deles nos itens abaixo:
* Associação dos Portadores de Transtornos de Ansiedade (Aporta)
1- Fobia específica: é o medo de um estímulo ou situação específica, tais como: avião, elevador, água, certos animas (cobras, sapos, baratas). A pessoa acredita que o avião pode cair, a cobra pode picar. Cerca de 12% das pessoas sofre de fobia especifica.
2- Transtorno do pânico: é o medo de suas próprias reações fisiológicas e psicológicas a um estimulo e o medo de sofrer um ataque do pânico que acaba surgindo. Os sintomas mais comuns são a respiração alterada, batimentos cardíacos acelerados, vertigens, suor excessivo, tremores. Em geral está ligado à depressão, 3% das pessoas sofrem do pânico.
3- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC): Pensamentos e imagens (obsessões) que o obrigam a executar certas ações (compulsões) para neutralizar as imagens. As mais comuns: lavar as mãos, verificar varias vezes se fechou a porta, o gás, realizar contagens, etc. São as ditas “manias” mas que quando causam sofrimento é o transtorno. Afeta 3% da população.
4- Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): A pessoa se preocupa o tempo todo com várias coisas, vive achando que o pior vai acontecer, imagina sempre as piores consequências e fica pensando em como evitá-las. Vem sempre acompanhado de estresse, insônia, tensão muscular, problemas gastrintestinais. Atinge cerca de 9% das pessoas.
5- Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social): medo de ser julgado pelos outros, como em festas, apresentações de trabalho, comer em locais públicos, usar o banheiro, etc. Normalmente vem acompanhado do abuso de álcool e substâncias. As pessoas se isolam devido à extrema ansiedade pela aprovação dos outros. Atinge aproximadamente 14% das pessoas.
6- Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT): Envolve o medo excessivo causado por exposição anterior a uma ameaça ou dano. Acontece com quem foi vítima ou tenha presenciado algum evento muito traumatizante como um estupro, sequestro, violência física, acidentes graves, ou catástrofes como no caso da Boate Kiss em Santa Maria, que ceifou mais de 230 vidas. Mesmo quem não teve nenhum amigo ou parente envolvido pode desenvolver os sintomas porque foi um evento muito grande, uma tristeza que gerou comoção geral das pessoas. Atinge 14% das pessoas.
O tratamento para os transtornos de ansiedade, podem ser realizados através de medicamentos (com remédios prescritos pelo psiquiatra) ou a psicoterapia (com psicólogo). Segundo a Psicóloga Kátia, pesquisas apontam que a combinação destes dois são mais eficazes no tratamento da ansiedade. “Isso porque os medicamentos vão atuar na parte biológica e a psicoterapia vai ajudar a identificar de onde vem à ansiedade a ajudar a corrigir os pensamentos”, resalta ela.
A maior parte das pessoas com ansiedade começa a se sentir melhor e retoma as suas atividades depois de algumas semanas de tratamento. Por isso, é importante procurar ajuda especializada na unidade de saúde mais próxima.
Por Bianca Vitto