Cuidados com a alimentação das crianças que estão próximas a adolescência
A boa alimentação é fundamental em todas as etapas da vida. Mas é na passagem da infância para a adolescência que o cuidado deve ser redobrado. Refeições controladas durante a infância são essenciais para o crescimento e prevenção dos problemas de saúde. Uma alimentação equilibrada aliada à prática de exercícios físicos fornece resultados a longo prazo, melhor qualidade de vida, formando adultos mais saudáveis.
A nutricionista Hortência Carvalho, orienta que na alimentação destas crianças e pré-adolescentes devem estar inclusos todos os grupos alimentares, principalmente os alimentos ricos em Ferro, Cálcio, Vitamina C e Folato.
O Ferro é muito importante nesta fase para se evitar a anemia ferropriva, e pode ser encontrado nas carnes vermelhas, aves, peixes, folhosos verde-escuros (exceto espinafre), como agrião, couve, cheiro-verde, taioba; as leguminosas (feijões, fava, grão-de-bico, ervilha, lentilha); grãos integrais ou enriquecidos; nozes e castanhas, melado de cana-de-açúcar, rapadura e açúcar mascavo. Também existem disponíveis no mercado alimentos fortificados com ferro como farinhas de trigo e milho, cereais matinais, entre outros.
A presença de ácido ascórbico, mais conhecido como vitamina C, está disponível em frutas cítricas, que também auxilia a absorção de Ferro. Por outro lado, existem alguns fatores que podem inibir a absorção do ferro, presentes no café, chá, mate, leite e derivados, deste modo, devem ser evitadas logo após ou juntamente com a refeição rica em Ferro.
O Cálcio possui funções importantes como atuar na formação estrutural dos ossos e dos dentes, e tem como sua principal fonte o leite e seus derivados, mas também pode ser encontrado no espinafre, nos peixes, aveia, castanha-do-pará, avelã e agrião.
Já o Folato é importante para as crianças para uma produção normal de glóbulos vermelhos e prevenir a anemia, e está presente no sumo de laranja, vegetais de folha verde, amendoim, leguminosas secas e miudezas. “Para evitar a deficiência em folato, devemos ter um hábito regular de consumir três a cinco porções de frutas e vegetais por dia”, disse a nutricionista.
Saúde x fast foods
Se de um lado as crianças desta faixa etária são introduzidas à alimentação saudável, de outro, elas são tentadas pelo mundo do fast food composto pelos hambúrgueres, batata-frita e cachorro-quente, por exemplo. Carvalho explica que o consumo excessivo destes fast-foods são hoje rotina na vida das crianças e adolescentes modernos. As crianças devem ter cuidado com este tipo de alimento, devido ao fato destes serem ricos em gorduras e alto valor calórico, o que pode vir a surgir sobrepeso, obesidade e até mesmo patologias relacionadas, como hipercolesterolemia, hipertensão, diabetes, hipotireoidismo e outros distúrbios hormonais, e ainda co-morbidades que podem representar risco para o crescimento e desenvolvimento das crianças.
Estudos mostram que a presença dessas patologias podem afetar o metabolismo infantil, atrapalhando o crescimento e desenvolvimento, podendo também acarretar doenças futuras na fase adulta. “Não basta proibir o consumo de certos alimentos. O certo é explicar, conscientizar a criança da importância de uma alimentação saudável e, principalmente, dos malefícios que trazem o excesso do consumo de alimentos ricos em gorduras, açúcares e de alto valor calórico”, salientou a nutricionista.
E para as crianças que já estão passando por problemas de sobrepeso Carvalho orienta: “Neste caso, os pais devem procurar o pediatra que a acompanha ou um nutricionista para receber as orientações necessárias, visto que estes farão uma avaliação criteriosa e individualizada, observando suas necessidades para um bom funcionamento do organismo”, finalizou.
Opinião de mãe
As mães que tem filhos nessa fase concordam com a dificuldade em controlar a alimentação deles.
Alessandra Bressan é mãe de Natan de 12 anos, ela destaca que tenta evitar alimentos muito calóricos em casa durante a semana e que por isso procura investir em uma refeição variada, só abrindo exceções aos finais de semana. “Tenho o Natan e uma filha menor, mas eles comem de tudo até mesmo frutas e verduras, também gostam muito de suco. O problema é controlá-los quando estão fora de casa e se deparam com lanches rápidos na cantina da escola”, contou.
Ainda na infância, Carlos Henrique de 8 anos, diz que não gosta muito de frutas e verduras mas que come maçã, mamão, melancia, laranja e tomate. A mãe dele, Luciana Rocha fala que é difícil controlar a alimentação das crianças. “Durante as refeições tenho que pedir para ele parar de comer, ele gosta muito de doces, salgados e massas”, disse. Apesar dos excessos do filho, que ainda está na infância, Luciana explica que tenta controlar as refeições e que reconhece a importância de uma alimentação equilibrada em todas as fases da vida. “Mantenho-me por perto, não quero que ele cresça com problemas de saúde e nem tenha que enfrentar os riscos de se tornar obeso”, confidenciou.
Mas os problemas com alimentação não se restringem apenas aos meninos, Liliane Medeiros tem duas filhas, uma de 11 e outra de 15 anos, a qual já enfrenta problemas de sobrepeso. “Não consigo fazê-las comerem alimentos saudáveis, elas correm das frutas e verduras. Busco entrar em acordo com elas arrumando soluções, como por exemplo, fazer salada de cenoura crua, já que elas não gostam do legume cozido e fazer abobrinha batida no liquidificador”.
Medeiros sabe que a mudança nos hábitos da família é necessária. “Fico preocupada com a alimentação de minhas filhas procuro estratégias, mas sei que ainda preciso mudar muitas coisas em casa, começando por mim”, finalizou.
Por Jéssica Souto
Ilustração: blog:comerbemateos100