Por Pedro Cabral
Maria da Piedade Quintiliano Rosa, 52, casada, mãe de um filho adulto – na verdade dois, mas o outro filho morreu pouco tempo após o nascimento - é mais uma brasileira comum, diarista, que acorda cedo e trabalha em casas diferentes a cada dia. Recebe por trabalho, mas nunca sabe até quando terá trabalho, é diária, sem vínculos, sem benefícios trabalhistas, muito menos carteira assinada.
A realidade de Maria Rosa não é diferente de muitas outras “marias brasileiras”. Por falar em Brasil, a crise econômica prejudicou até mesmo a diarista: além de ter que economizar para continuar comprando mesmo com a elevação de preços, seu marido foi uma das vítimas das falências e cortes de funcionários. O ex-motorista, atualmente desempregado, é brasileiro e não desiste nunca, aproveita o tempo livre e o seguro desemprego para terminar a casa própria do casal. “Trabalhar na construção da própria casa já economiza o dinheiro que seria gasto na mão de obra do pedreiro”, declara a diarista.
Mas, durante uma semana de abril, Maria Rosa conseguiu uma renda extra para todo o mês. Fez um acordo com todas suas outras “patroas diárias” e foi trabalhar com uma dessas, mas não como diarista. Lucimar Peres Barbosa, uma das patroas, também é empresária do ramo alimentício e colocou seu negócio na Tecnoshow: Maria Rosa agora é balconista.
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Maria Rosa trabalha no quiosque localizado no bosque da Tecnoshow |
Porém, a vantagem maior é para os funcionários que são contratados durante o evento. De acordo com Barbosa, os empregados da feira ganham mais do que os empregados fixos do restaurante. “Se for comparado o valor diário, os contratados da Tecnoshow ganham mais do que os do meu restaurante, até por que não têm tantos impostos, como FGTS, INSS e outras coisas assim, o que ajuda a pagar um valor maior e conseguir mais pessoas para trabalhar”, explica a empresária.
Para o secretário municipal de trabalho, Antônio Camilo de Oliveira Filho, a feira é importante mesmo sendo periodicamente, pois gera empregabilidade na cidade, ainda que sejam trabalhos temporários e sem registro. "É importante por que agrega ao mercado de trabalho, não é carteira assinada mas já é uma chance, é bom para quem quer trabalhar e tem força de vontade, pois é até uma oportunidade de mostrar um bom serviço e ser efetivado", afirma Oliveira Filho.
E as oportunidades de uma feira que movimenta bilhões em negócios realmente chama a atenção de pessoas que buscam empregos temporários. De acordo com a assessoria da Cooperativa Agroindustrial dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (COMIGO), pessoas de várias regiões do estado, principalmente de cidades do sudoeste, chegam para a cidade à procura de trabalho na Tecnoshow, o que gerou em 2015 aproximadamente 5.000 empregos diretos e indiretos na exposição.
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Foto: Assessoria de Imprensa/COMIGO |
Maria Rosa, mesmo trabalhando em área distinta fora da semana da feira, consegue ganhar até 50% a mais do que uma diária de faxina, dinheiro que será investido não só no sonho da casa própria, mas também em outro desejo pessoal: um tratamento dentário. “Ah, compensa bastante trabalhar na exposição por que vou ganhar bem mais do que eu ganharia durante o mês, é uma renda extra que dá para a gente pagar as contas, fazer coisas mais caras como arrumar meus dentes e vai ajudar bastante na construção da minha casa”, afirma Maria Rosa.
E a próxima edição da Tecnoshow já é esperada. Barbosa, que já têm seu espaço na exposição desde a primeira edição, afirma que em 2016 pretende continuar com o negócio: "a COMIGO dá muito apoio para a gente, então na próxima edição eu quero montar meu negócio lá de novo, é um bom investimento". Já Maria Rosa também espera continuar com seu emprego temporário: "ano que vem tem mais e essa oportunidade eu não perco nunca!".