quarta-feira, 22 de julho de 2015

O Exterminado do Futuro


Por Pedro Cabral

Não, o título não está escrito errado. Com a ampla evolução da tecnologia que facilitou a produção multimídia e o acesso à informação, todos se sentem como jornalistas e o jornalista propriamente dito parece estar no caminho do extermínio.

Hoje em dia, o que mais vemos nas redes sociais são denúncias de fatos que acontecem em todos os âmbitos, na maioria das vezes notícias policiais e desabafos sobre política e cotidiano, através de fotos, textos e vídeos no facebook, instagram, youtube e virais do whatsapp. Claro que, por não produzir o profissionalismo do jornalista, este conteúdo nem sempre é verídico, confiável ou atende as demandas de qualidades técnicas, mas ainda assim serve para disseminar informação e gerar debate.

É por isso que o jornalista que permanecer sendo um mero reprodutor de informação já pode se considerar um exterminado do futuro. O caminho a ser seguido no jornalismo profissional é aproveitar da qualidade e do senso crítico aguçado para produzir informação, e não apenas reproduzir.

Embora a demanda de velocidade seja um grande opressor da qualidade de produções jornalísticas – até por que a pressa é inimiga da perfeição – a solução é produzir um conteúdo diferenciado, que seja algo a mais para o público, o que já vem sendo feito por muitos profissionais da área, seja através de uma abordagem diferenciada dos fatos, pelos comentários que acrescentam pontos a mais – ou, dependendo do comentarista, a menos – para o que está sendo noticiado ou ainda pela qualidade técnica, que não depende necessariamente de bom equipamento.

Mesmo que alguns teóricos tenham dito que é necessário buscar sempre a imparcialidade na produção jornalística – embora chegar neste ponto seja utopia – a realidade é outra, vivemos em uma era diferente em que é preciso acrescentar mais, é preciso difundir não apenas o que acontece, mas contextualizar o que acontece através de um pensamento contemporâneo que cause a reflexão do público.

Vide que muitos dos atuais ícones do jornalismo são famosos justamente por emitir opinião e isso não é à toa: fotografar qualquer um consegue, a maioria da população sabe escrever um texto, mas nem todos conseguem fazer isso com a sensibilidade e a observação crítica de um jornalista.

Outra solução para fugir do extermínio é não ser especializado em algo, mas ser bom em tudo. Em tempos de mudança, só prevalece aquele que ao invés de fazer apenas seu serviço, pode substituir outros profissionais, ou seja, um jornalista que faça a pauta, a reportagem, o roteiro, a edição (ou diagramação) e ainda apresente o seu conteúdo. 

Em tempos modernos e de transição que estamos vivendo, prevalece no mercado quem deixa de ser um desejo das redações por ser muito bom em algo, e passa a ser necessário nos veículos midiáticos por ser muito bom em tudo. O jornalismo não está morto, nem irá morrer, o jornalista está evoluindo e quem não evoluir simplesmente será exterminado. Hasta la vista, baby!

Foto: Reprodução


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