sexta-feira, 24 de julho de 2015

A cultura da "zoação"

Por Renata Ferreira

Em um esporte onde já se teve Pelé, Garrincha e Zico mostrando habilidades e disseminando a paixão pelo esporte aos quatro cantos do mundo, o futebol no Brasil já não é mais visto como arte e sim como investimento. Antes esses jogadores disputavam os campeonatos pelo prazer no esporte, hoje se joga pelo dinheiro, mas para tudo se tem explicação, até porque são outros tempos e outros interesses.

Ter um time de futebol para torcer é algo comum, em qualquer cidade do Brasil ou até fora, cada um torce ou pelo menos conhece um time, nas rodinhas com os amigos sempre tem aqueles que são apaixonados, e que chegam a discutir quando se fala do time do coração . E quando o time perde? A zoação entre amigos aumenta, um fala de um lado que o time não presta, o outro entra na zoação e rebate as críticas da mesma maneira e acaba virando aquela bola de neve, e não a do futebol, onde alguém tem que ceder para não virar algo mais sério.

O palmeirense Raphael Borges admite que a alegria de ver o time adversário perder é imensa, seja ele considerado favorito ou não em uma partida. "Torcer é como um amor a primeira vista só que muito mais forte e intenso, e apesar de derrotas acontecerem com qualquer time, quando se trata de um grande "rival" é muito bom zoar porque faz parte do esporte e acaba sendo uma forma saudável de brincar com a derrota", relatou o torcedor.

Para a psicóloga Jania Alves, é muito difícil falar em time de futebol e torcida sem associar o fanatismo. "Existe um semi endeusamento por um time ou por jogadores que se destacam, o indivíduo apresenta uma necessidade de se apegar a algo onde possa gastar sua energia", ressalta Jania. Devido a essa paixão do brasileiro em gostar do esporte e torcer com paixão pelo seu time, a psicóloga admite que, o povo brasileiro gosta de se envolver, de torcer e até mesmo padecer por uma causa. Seria como uma condição cultural/social, ter que sofrer por algo, por um time, pois agem como se fosse necessário passar por determinado sofrimento.

O ato de zoar o time do amigo pela derrota pode parecer natural e é algo também cultural do brasileiro. Segundo a psicóloga o brasileiro tem a necessidade de mostrar que o "meu" é melhor que o "seu", porém se trata de um povo que na sua grande maioria levam as coisas na zoação e brincadeira, portanto dentro do contexto esportivo da competitividade, esse tipo de comportamento é "aceitável". Perder ou ganhar faz parte de qualquer esporte e da vida, saber levar na "esportiva" é essencial para que uma brincadeira não gere um conflito desastroso.


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