Por Pedro Cabral
Antes de começarmos, entenda que o assunto não é a geração jovem dos anos 90, que lutou pelo impeachment de Fernando Collor de Melo e conseguiu o tão desejado “Fora Collor”. A geração aqui denominada de #impeachment, com hashtag mesmo, são os jovens desta década que demonstram um desejo de mudança, mas que mal sabem o quê – e muito menos como – mudar.
Desde 2013 manifestações se tornaram um marco do desagrado do brasileiro com a política. Na época, a situação estava tão ruim que manifestavam por tudo, de saúde pública à corrupção política. Mas será que realmente eram muitos problemas, ou a população – em sua maioria jovens – não sabia muito bem como protestar?
De acordo com a professora de história e sociologia da rede estadual de ensino, Nelcy Rosa, não são todos os jovens que realmente sabem o que está acontecendo, ou que tem um sentimento pessoal de mudança. “Alguns vão mais por ideais que eles nem sabem direito, por influência da mídia, a prova disso é que a gente vê pessoas pedindo a volta da intervenção militar do país, ou seja, participam das manifestações mas não tem noção de quem vão colocar no poder”, afirma a professora, citando como exemplo a participação dos rio-verdenses em assuntos políticos: “a manifestação é uma ação isolada, pois não participam ativamente da política, em Rio Verde mesmo, ninguém vai assistir as sessões do legislativo para saber como realmente está, para se inteirar do assunto, então é algo meio desconectado, coisa de momento”.
É claro que, como todos os assuntos tem, no mínimo, duas perspectivas, existem jovens que realmente se interessam nos rumos políticos do país e que procuram entender como isso se dá, é o que diz Rosa. “Existe sim uma minoria de jovens que estão ligados e sempre que você comenta sobre política eles questionam e querem saber, começam a abrir a mente e perceber que política faz parte de tudo, que o jovem precisa entender de política, ter uma consciência política, isso é bom”, declara a professora.
A estudante Daiane Rodrigues, 17, acompanhou as manifestações, mas diz não se interessar por política por que nunca se percebe mudanças. “Ah, eu vejo aí essas manifestações e sempre é a mesma coisa que a gente vê, de corrupção, de bandidagem, parece que nunca muda, e se a gente for pensar nisso fica é com mais raiva ainda”, justifica a jovem, que ainda demonstra opinião desfavorável às manifestações: “é claro que vivemos um momento de revolta, o país não está nada bem, e os jovens sempre são protagonistas destes movimentos, mas ao que parece o único motivo para revoltas e manifestações com tanta adesão jovem é só sair bem na selfie e causar boa impressão nas redes sociais, sem nenhum fundamento sólido no sentido político”.
Rodrigues é aluna de Rosa mas, de acordo com a professora, ela tenta mudar essa visão: “eu sempre converso muito com meus alunos sobre a importância deles estarem informados, ou seja, mostrar que eles tem que estar a par de questões políticas, analisar o que o candidato fez, uma análise de eleitor que causa a mudança, o jovem tem que ter esse ideal”.
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Será que sabem mesmo o que estão reivindicando? (Foto: Reprodução) |