sexta-feira, 3 de junho de 2011

O projeto dos sonhos, que se tornou nosso maior pesadelo

Tudo começou com a escolha do tema...

A história do Hospital do Câncer de Rio Verde nos pareceu uma ótima maneira de aplicar o princípio da utilidade, inerente ao jornalismo. Porque todo produto jornalístico precisa ser usado para algum fim, seja para ativar a consciência social, seja para falar em nome da sociedade muda.

O tema havia sido delimitado. Como trabalhá-lo era uma questão muito importante. Para alcançar os objetivos que pretendíamos, precisávamos de um instrumento midiático impactante. Optamos pelo documentário, nato representante do cinema verdade, porque ele não recorre à sensibilidade estética, mas tem o poder de persuadir o espectador com relação ao assunto proposto.

Foram dias e mais dias na companhia de diversos autores. Bill Nichols e Sheila Bernard Curran tornaram-se nossos amigos de infância. A cada correção, mais um amiguinho novo para a nossa lista de referências bibliográficas. Noites sem dormir, finais de semana sacrificados e nervos à flor da pele. Sintomas de PREX, nada anormais.

A preferência pela orientadora nos parecia óbvia. Pós-graduada em cinema, Camila Paes Leme foi escolhida pelo nosso grupo, composto por Dionézio Costa, Júlio César, Lidiane Guimarães e Muriele Silva. Em todo esse processo, nosso relacionamento com ela teve altos e baixos. Entendemos que a paciência tem que prevalecer sempre e essa regra vale para ambas as partes, já que o interesse no bom resultado é mútuo.

O processo das filmagens, em primeira instância, nos aterrorizou. A produção das pautas, o agendamento das entrevistas e a elaboração do roteiro nos fez ter uma semana caótica. O fato é que, como ingênuos acadêmicos, após o fim das filmagens julgamos ter superado a pior fase. Projeto entregue, só restava a banca examinadora. E aí conhecemos o verdadeiro terror do PREX.

Muitos ensaios e estudos tomaram o nosso fim de semana. A segunda-feira começou com a preparação da apresentação. Ao chegar a faculdade, duas péssimas notícias... A primeira nos deixou preocupados: nossa coordenadora de curso, dona dos mais lindos relógios e das mais elegantes camisas, não estaria presente. A segunda... Ai, a segunda... Tio Gu nos preparou para o pior. “Sinto como se estivesse vendo um filho apanhar, sem poder fazer nada. Já vou avisando que vai doer”, afirmou o professor, se referindo à argüição da banca.

O sorteio aconteceu em sigilo. Após minutos agonizantes, as componentes da banca chamaram a atenção para o resultado. “MURIELE”. Era o nome que esperávamos e ele enfim foi dito. Um grito se ouviu ecoar no auditório: “GLÓRIA A DEUS”. A Lidiane não conseguiu conter a emoção e já começou conquistando a antipatia da banca examinadora.

O primeiro grupo finalizou sua apresentação. O segundo também. Eis que chega no momento... Para nós, a apresentação foi, no mínimo, boa. Entretanto, essa foi somente a nossa opinião. Ouvimos diversas críticas, esperando ao menos um elogio. A calmaria que esperávamos não chegou e a saída para a comemoração foi cancelada.

A primeira aula da Márcia após a apresentação foi esclarecedora e divertida, não lembrando, nem de longe, a última noite em que a vimos. Ela nos entregou uma cartilha contendo todos os nossos afazeres futuros. “A tia Márcia vai ler com vocês, tá?” O texto trazia uma imagem mostrando uma máquina de suicídio que cobrava 0,25 centavos por cada morte. Fim da aula... Nós quatro com moedinhas na mão. 

Por Dionézio Costa, Júlio César, Lidiane Guimarães e Muriele Silva

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